"Não viajamos só pelo prazer de ver, mas também pelo prazer de contar". Pascal
quinta-feira, 24 de abril de 2014
Jardins de Peterhof, luxo do império czarista
Estive na Rússia no outono dourado. Nesta estação do ano, os plátanos revelam-se ainda mais frondosos, realçando a luminosidade dos tons de vermelho, de amarelo e de verde. Foi num cenário assim que transcorreu a minha visita aos Jardins de Peterhof, situados a cerca de 30 quilômetros da antiga capital do país, São Petersburgo.
Um imenso parque abriga um conjunto de palácios e jardins. Ao todo são mais de 120 fontes. A magnífica obra foi edificada sob as ordens do czar Pedro, o grande. Este imperador, depois de conhecer o Versailles, chamou seu arquiteto preferido e determinou a construção de um palácio capaz de superar a beleza e o luxo do famoso château francês. E assim foi feito entre 1714 e 1725. Hoje, pessoas vestidas com roupas da época posam para fotos em troca de alguns rublos.
Em frente ao palacete, uma grande cascata em degraus escorre através de num canal até o mar Báltico. Como o rigoroso inverno da antiga União Soviética atinge temperaturas abaixo de 30 graus centígrados, as estátuas douradas e os jardins são removidos no finalzinho do outono, acondicionados para serem recolocados quando a primavera chegar. Recomendo esta visita para quem pretende aventurar-se por aquelas plagas. Leva-se mais de três horas para percorrer apenas parte dos jardins. Como estava com pouco tempo, não foi possível testemunhar o interior do palacete.
Na Rússia czarista tudo era exagero. Enquanto a corte vivia ostentando pompa e requinte, ao povo castigado restava o frio, a fome. A revolução de 1917 quis enterrar este miserável contraste. Passado o período comunista, hoje as marcas de uma sociedade desigual são visíveis aos olhos dos visitantes. Para além dos livros, percorrer a história in loco acrescenta e humaniza. Eis a relevância de viajar.
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