quarta-feira, 23 de abril de 2014

Cruzeiro pelas ilhas gregas, uma furada



O sonho de navegar pelas ilhas gregas a bordo de um navio alentou meu imaginário por anos. Em 2011, Luciene e eu zarpamos do porto de Atenas para uma viagem de cinco dias. Anos atrás, havia percorrido o Rio Nilo, num espetacular passeio pela milenar cultura egípcia. Outra experiência foi nas águas do São Francisco, do norte de Minas ao sul da Bahia. Teve também o cruce de los lagos, de Bariloche a Puerto Montt.

O Louis Cruises, porém, é um navio maior. Nossa primeira atividade foi presenciar simulações de emergência e aprender a usar o colete salva-vidas. Como de praxe, o navio oferece cassino, restaurantes, bares, discotecas, piscinas, cinemas, auditórios, espalhados pelos seus dez andares. O cassino era a referência para a nossa cabine. Ficava no mesmo piso. De maneira que pouco nos perdemos naquele labirinto.

Tudo é excessivamente organizado. Postado à porta dos restaurantes, um garçom ofertava álcool gel para higienizar as mãos dos comensais. Os anúncios soavam pelos alto-falantes. A ordem do desembarque era por nacionalidade, revezando-se nas saídas subsequentes. Recebíamos, nas cabines, jornais com as programações diárias das excursões.
Coube a mim o cartão magnético 6043. Guardei de recordação. Além de abrir a porta do quarto, registrava o consumo a bordo e identificava entradas e saídas do navio. Na hora combinada, o barco partia. Eventuais atrasados teriam de alcançá-lo no próximo porto.

A primeira parada foi em Míkonos, uma das ilhas mais atraentes e procurada por celebridades gregas e internacionais. Como o mar estava agitado, desembarcamos numa área distante e um ônibus nos levou até o acesso ao emaranhado de ruelas com casinhas brancas. Os moinhos são lindos. Fomos agraciadas com um belo pôr do sol.

Kusadasi, na Turquia, foi o segundo porto. O Louis Cruises atracou ao lado de um exuberante navio com o dobro do seu tamanho. Humilhante. Na sequência, Pátmos, onde São João escreveu o Apocalipse. Depois Rodes, ilha das rosas. Mais ao sul, Heráklio, capital de Creta, lar do minotauro, aquele com cabeça e cauda de touro num corpo de homem.

Santorini nos esperou para o grand finale. Esta ilha vulcânica com casas debruçadas sobre os penhascos tem a forma de lua crescente. Dizem ter sido o reino perdido de Atlântida. De ônibus, subimos serpenteando o íngreme morro e baixamos de teleférico. Preferimos não arriscar o lombo das pobres mulas que, vez por outra, escorregam e despencam no abismo. O pôr do sol e um vinho grego formaram um par perfeitos na despedida.

O esplendor das ilhas gregas merece um vagaroso andar. Se soubesse do rápido trote, teria me hospedado em Santorini e em Míkonos, como fez minha amiga Bela. De lá é fácil deslocar-se para outros locais. Sem dúvida, seria mais aprazível do que ver tanta beleza no clarão de um raio se apagar num estalar de dedos. Fica a dica.

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