sábado, 29 de outubro de 2011

Éfeso e a biblioteca de Celso







A biblioteca de Celso foi construída em Éfeso, na Turquia, em 114 d.C.. Na fachada do prédio ficam as deusas Sofia (sabedoria), Areta (virtude), Enoia (intelecto) e Episteme (conhecimento). Nesta cidade em ruínas também se pode conhecer a Ágora, local de reuniões políticas. Além do teatro, da rua das colunas, do templo de Adriano, da porta de Hércules.

Lá os banheiros eram públicos e coletivos. Eles costumavam sentar-se lado a lado e ficar batendo um papinho enquanto faziam suas necessidades físicas. Dizem que os escravos eram encarregados de guardar lugar para seus senhores. Hoje se vê os assentos em mármore. Muito interessante.

Quando foi erguida no ano 1000 a.C, Éfeso era uma cidade grega. E ficou famosa por ser um ponto de adoração à Cibele, a deusa-mãe da Anatólia. Dizem que a Virgem Maria passou os últimos anos de sua vida perto de Éfeso e que São João Evangelista deixou a ilha de Patmos, na Grécia, para cuidar dela. Próximo a Éfeso estão a casa da Virgem Maria e o templo onde São João teria escrito o Evangelho.

Como Éfeso fica próximo ao porto de Kusadasi, os turistas tropeçam uns nos outros. É uma multidão a visitar aquela cidade que foi fundada no século 4º a.C. por Lisímaco, sucessor de Alexandre, o Grande.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Afrodisias: um local dedicado à Deusa do Amor






A Turquia é um museu a céu aberto. Faz pouco tempo que Afrodisias foi descoberta e as escavações já mostram grandes tesouros. O estádio, o teatro e o tetrápilo estão em bom estado de conservação.

Por volta de 5800 a.C., o local atraia agricultores, que se reuniam ali para adorar a mãe natureza. No século 2º a.C. a cidade foi destinada à Afrodite, a Deusa do Amor, e prosperou devido a sua requintada escultura em mármore.

Lá ainda se vê túmulos talhados em pedra e ricamente decorados. O ponto negativo é que, mesmo em setembro, o calor é muito forte. A caminhada não é longa, mas o sol é escaldante.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Pamukkale e seus castelos de algodão





A água desce pela montanha em degraus, formando pequenas piscinas termais. O banho quentinho revigora o corpo e a alma. Assim é Pamukkale, que quer dizer castelo de algodão. O branco da paisagem só é quebrado pelo verde suave dos lagos. Esses terraços de travertino, situados próximo a Hierápolis, resultam da solidificação do calcário e suas águas termais têm poderes medicinais. Trata-se de um dos locais turísticos mais procurados na Turquia.

No período helenístico, essas fontes transformaram a cidade num local de cura. E em diferentes épocas, o balneário recebeu ilustres visitantes, como Cleópatra, que costumava banhar-se numa piscina que ainda hoje tem fragmentos de colunas de mármore e está aberta ao público. A água é transparente e há muita vegetação e pedras. E em Hierápolis se vê ruínas do arco de Domiciano, da necrópole, do teatro, da ágora. Enfim, importantes testemunhos da historia.

Nos terraços só se pode caminhar em determinados lugares e descalço. As pedrinhas incomodam um pouco, mas vale a pena.

domingo, 23 de outubro de 2011

Capadócia: museu a céu aberto do Göreme e a cidadela de Uchisar











Se há um lugar no mundo difícil de descrever este local é a Capadócia, na Turquia. Uma região de paisagem vulcânica, com cinzas petrificadas que nós dá a impressão de estar em outro planeta. Um dos destaques da área é o museu a céu aberto do Göreme, onde encontramos cerca de 30 capelas e monastérios do século 9º escavados nas rochas.

No interior das cavernas se pode testemunhar a fé daquele povo ao observar os afrescos com cenas do velho e do novo testamentos. O local que abrigou hititas foi declarado patrimônio da humanidade pela Unesco.

Próximo ao Vale do Göreme está a cidadela de Uchisar. As casas escavadas nas rochas nos transportam para uma visão lunar. As erupções vulcânicas e as cinzas petrificadas somadas à chuva e à erosão resultaram numa paisagem singular e de rara beleza. Como o sol é muito forte, especialmente de julho a setembro, é aconselhável usar boné, protetor solar e beber muita água entre uma foto e outra.

* As fotos são da Luciene, minha companheira de viagem.

sábado, 22 de outubro de 2011

Dervixes rodopiam para entrar em êxtase e se libertar da dor da vida




Discípulos do poeta e mestre Mevlâna, os dervixes rodopiam para entrar em estado de êxtase de amor universal e se libertar da dor da vida. Em busca de elevação, eles comem menos, falam menos, dormem menos e rodam com suas saias brancas e seus chapéus em formato de cone. Esta seita sufis sobrevive na Turquia mesmo após o ex-presidente Atatürk, pai dos turcos, ter banido o sufismo em 1925. Assistimos uma cerimônia numa caverna adaptada para casa de espetáculos.

Mevlâna deixou de herança 25 mil poemas. A obra é lida nos alojamentos antes dos rodopios, que são feitos com reverências e saudações. Tudo tem um significado. A saia branca representa a mortalha do ego e o chapéu o túmulo do ego. Para eles, a música que embala seus corpos é o sopro de Deus.

Outro ponto alto do show na caverna foi a dança do ventre apresentada por Clara, uma brasileira que trocou o Rio de Janeiro pela Capadócia. A arte desta bailarina encanta turistas do mundo inteiro. Ela domina cada músculo do corpo e, com graciosidade, exibe seus passos precisos. É um espetáculo que vale a pena.

Seguimos viagem pelo interior e, em Konya, visitamos o monastério e o museu dos dervixes. Lá vimos o túmulo de Mevlâna, o salão cerimonial e exposições de objetos e manuscritos. Também conhecemos a cozinha, onde eles costumavam cheirar os alimentos até o aroma inibir o apetite. (Fica aqui a dica para quem quer emagrecer). O fundador do sufismo, filosofia de união espiritual e de amor universal, morreu em Konya em 1273. Mas, ainda hoje atrai curiosos de todos os continentes.

* Fotos da Luciene, minha companheira de viagem.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Passeio de balão na Capadócia






Às 5h da manhã o motorista nos levou a um local onde, com outros turistas de várias partes do mundo, degustamos um café antes de iniciarmos a espetacular aventura de voar de balão na Capadócia. É quase impossível descrever a beleza daquela região da Turquia. Na antiga língua persa, Capadócia significava terra de cavalos bonitos. A paisagem daquele lugar resulta de erupções vulcânicas de cerca de 30 milhões de anos. E com a ação da chuva, do sol, da erosão foram se formando as famosas chaminés de fadas. Os antigos acreditavam que fadas viviam debaixo da terra, pois aquelas formações rochosas não têm similar no mundo.

Cada balão comporta 24 pessoas, distribuídas em quatro compartimentos. Para entrar no balão, a gente usa alças situadas na parte externa da cesta e vai escalando. Quatro passos são suficientes para chegar à borda e deslizar para dentro. O nosso piloto, Yasar, da Voyager Balloons, revelou-se um extraordinário e habilidoso condutor. Não houve solavancos na subida e tampouco no pouso. Ao contrário, aterrissamos no reboque de uma camionete. Foi um verdadeiro show. Descemos com a maior leveza.

O percurso dura cerca de 1h30min. Naquele horário, o céu fica repleto de balões. A gente vê o dia nascer nas alturas, contemplando as montanhas rochosas da Capadócia. Em alguns momentos, Yasar propiciava um voo dentro do vale, quase raspando nas chaminés de fadas. Em outros, subíamos tão alto, dando uma sensação de liberdade e felicidade. Concluído o voo, o piloto oferece espumante aos tripulantes e todos recebem um diploma, comprovando a aventura realizada no dia 7 de setembro de 2011. Sem dúvida, uma experiência inesquecível.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Kaymakli é a segunda cidade subterrânea mais importante da Turquia





A Turquia é mesmo surpreendente. Para se proteger de possíveis agressores, os povos antigos chegavam a passar seis meses em cidades subterrâneas. Visitamos Kaymakli, que é a segunda construção desse gênero mais importante do país. O local de 2,5 Km², próximo a Nevsehir, no interior da Turquia, foi abrigo de hititas do século 6º ao século 9º. Eles viviam em comunidade. A cozinha era coletiva. É preciso curvar bem o corpo para atravessar os túneis, que levam de uma área a outra, e também são estreitos, possibilitando a passagem uma pessoa de cada vez.

Não deveria ser muito fácil viver naquelas condições. Mas, aquele povo era mesmo engenhoso e sábio. O sistema de ventilação surpreende, ainda hoje. Nas cidades subterrâneas havia estábulos, igreja, depósitos, adegas. Cada família tinha a sua casa-caverna. Kaymakli foi descoberta em 1964 e pode-se visitar cinco dos oito níveis que os especialistas estimam existir.

A inusitada paisagem da Capadócia remonta há 30 milhões de anos e resulta de atividades vulcânicas. As cinzas das erupções foram se transformando num material de fácil erosão denominado tufa. E a sua maciez favoreceu as escavações das cidades suberrâneas.

Não é um passeio recomendável aos claustrofóbicos e nem a pessoas com problemas de coluna ou pouca flexibilidade. Mas é gratificante circular naquela cidade subterrânea e ter uma noção de como era a vida daqueles povos.

domingo, 9 de outubro de 2011

E por falar em Turquia







Falar em Turquia moderna sem mencionar a importância de Atatürk, pai dos turcos, seria quase uma blasfêmia. Mustafá Kemal, mais conhecido como Atatürk, tornou-se em 1923 o primeiro presidente do país e foi o responsável por pavimentar o caminho rumo à ocidentalização daquele país que conserva uma consistente história da época dos impérios otomano e bizantino e de civilizações como a dos hititas, assírios, frígios.

O retrato de Atatürk está por toda parte. E a bandeira vermelha do país tremula nas montanhas e nas cidades. O principal aeroporto de Istambul e uma de suas pontes se chamam Atatürk. Mas é em Ancara, a capital da Turquia, onde está o mausoléu do engenhoso Atatürk. Lá estão os carros do pai dos turcos, a lancha, as jóias, as fardas, as armas, revelando a refinada vida que ele levou.

Em Ancara também se encontra o Museu das Civilizações da Anatólia. Este museu abriga objetos de 10 mil anos. No seu interior, nos deparamos com um esqueleto de oito mil anos a.C., com cerâmicas, com as primeiras ferramentas feitas com pedras, com pinturas rupestres, com objetos de ouro. O acervo inicia no período paleolítico, passando pelo neolítico e daí para frente. Uma verdadeira aula de história, que dá uma noção precisa da movimentação dos povos que habitavam o berço das civilizações.

Nosso passeio pelo país incluiu as regiões da Anatólia, da Capadócia, do Mar Egeu e de Trácia e Mar de Mármara. As rodovias são muito boas e o sistema telefônico e a internet funcionam bem. Internamente, fizemos apenas dois percursos aéreos. Os restaurantes de beira de estrada são limpos e servem comida no capricho. Tanto em Istambul quanto no interior, a limpeza chama a atenção. É difícil encontrar uma bagana de cigarro nas vias públicas. Outro destaque é a organização. Tudo funciona muito bem. O turismo é uma das mais importantes fontes de recursos do país.

A Turquia é banhada pelo Mar Negro, Mar Egeu, Mar Mediterrâneo e Mar de Mármara e tem muitos lagos. Conhecemos o lago salgado. Por conter muito sal, se pode caminhar sobre o lago sem afundar. O negativo é que o país é afetado por terremotos. Cerca de 80% do seu território está numa zona tectônica. Mas a terra é fértil e além da produção das uvas, damascos, a nação é famosa pelas confecções em pelica, em prata e em ouro. O artesanato também é requintado e os tapetes são o orgulho nacional.

Istambul: um pé no Oriente e outro no Ocidente



































Istambul é a única cidade no mundo situada entre a Europa e a Ásia.
A antiga Constantinopla mistura o velho com o novo, a tradição com a modernidade. Ao mesmo tempo em que é cosmopolita e guarda uma história eloquente, a principal cidade da Turquia também tem um viés pitoresco e acolhedor. Dá para circular a pé entre seus principais prédios históricos.

Mesquita Azul
A imponente Mesquita Azul foi assim batizada pela cor dos vitrais e dos azulejos. Esse importante monumento religioso começou a ser erguido em 1609, a pedido do Sultão Ahmet I. O período era de declínio do império otomano. Quando a obra foi finalizada, em 1616, os seis minaretes causaram alvoroço por ostentar uma torre a mais do que a arquitetura de Meca, então com cinco minaretes. Para ingressar no seu interior, as mulheres precisam cobrir a cabeça e as pernas e tirar os sapatos, é claro. Em toda a Turquia há cerca de 75 mil mesquitas. Mais de 90% dos turcos são muçulmanos e seguem o islamismo, mas sem o mesmo significado que para outros países adeptos dessa religião. As mesquitas de um minarete pertencem a uma família e, portanto, só podem ser frequentada pelos membros daquele clã.

Santa Sofia
Seguimos em direção à Santa Sofia. Na antiguidade, esta igreja acolhia apenas o imperador e seu séquito. Há uma bela fonte em frente ao prédio. A próxima parada foi para visitar a cisterna edificada à época de Justiniano, em 532. Uma obra singular que o guia faz questão de mostrar o detalhe das cabeças de meduzas sustentando duas colunas.

Palácio Topkapi
Já o Palácio Topkapi idealizado pelo sultão Mehmet II em 1459 logo após conquistar Constantinopla é um luxo de tirar o fôlego. Portas de madrepérola, piso de mármore, tapetes e o tesouro recheado com pedras preciosas. Lá estão os presentes diplomáticos e a famosa adaga de Topkapi esculpida em ouro e com três enormes esmeraldas. Diz a história, que a peça seria um presente para o xá da Pérsia que morreu antes da jóia ficar pronta. O palácio é amplo, tem vários pavilhões e pátios floridos. No auge do império, o harém do sultão contava com cerca de 800 concubinas. Elas brigavam entre si para se tornar a preferida e dar um filho ao todo poderoso. Mas, como contou o guia, o sultão era um ser humano. E hoje, os turcos casam com apenas uma mulher, oficialmente, como no Brasil.

Grande Bazar
Outro ponto de parada obrigatória é o Grande Bazar que, com suas quatro mil lojas de roupas, couro, jóias, enfeites, sapatos, bolsas leva as mulheres à loucura. Colado ao Grande Bazar está o Bazar das Especiarias, onde o cheiro dos temperos e o colorido das frutas secas fazem o turista se sentir imerso na Turquia, naquela região à beira do Bósforo, do Mar de Mármara, do Chifre de Ouro.

Torre de Gálata
Do outro lado da ponte há dois bairros imperdíveis: Taksim e Beyoglu, e também é onde está localizada a Torre de Gálata. Caminhamos pela agradável Rua Istiklal, de pedestres, e depois contemplamos o pôr-do-sol na Torre de Gálada. Lá no topo se tem uma vista de 360 graus daquela cidade que é elo entre dois continentes. Usamos o transvia, um metrô de superfície, para atravessar a ponte e voltar para o nosso hotel, localizado no bairro Grande Bazar e próximo à estação la-le-li. Descemos um pouco antes para jantarmos num simpático restaurante ao ar livre, assistindo o vai e vem das pessoas. Aliás, bares com mesas na calçada são uma característica marcante de Istambul e são muito agradáveis.

Primeiro contato
Chegamos à maior cidade da Turquia, com 14 milhões de habitantes, no final da tarde de um domingo de setembro, após uma viagem de 24 horas. Voamos durante 10h40min de Porto Alegre a Lisboa, pela Tap. Da capital portuguesa a Istambul foram 4h25 min pela Turkish, além do tempo de espera nos aeroportos. O fuso horário da Turquia em relação ao Brasil é de seis horas a mais e comparado com Portugal a diferença é de duas horas.

Como estávamos moídas, na primeira noite nos limitamos a uma voltinha na quadra do hotel para nos situarmos. Na manhã seguinte despertamos cedo para iniciar nossa visita à cidade. E ao viajarmos pelo interior, nas regiões da Capadócia e da Anatólia, a Turquia foi se revelando extraordinária e surpreendente. A beleza do Vale do Göreme e da cidadela de Uchisar, por exemplo, não têm comparativo no mundo. E é justamente a mescla da história e da cultura que torna o país mágico.